Biologia, amor a vida!

"Biólogo não admira a natureza, analisa o ecossistema."

quinta-feira, 10 de setembro de 2020

                                                       

                                                         COVID - 19, A ameaça real.


Artigo por:  André Ricardo Ribas Freitas

                  Marcelo Napimoga

                  Maria Rita Donalisio

www.scielo.br


    Desde o início do atual surto de coronavírus (SARS-CoV-2), causador da Covid-19, houve uma grande preocupação diante de uma doença que se espalhou rapidamente em várias regiões do mundo, com diferentes impactos. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 18 de março de 2020, os casos confirmados da Covid-19 já haviam ultrapassado 214 mil em todo o mundo. Não existiam planos estratégicos prontos para serem aplicados a uma pandemia de coronavírus - tudo é novo. Recomendações da OMS, do Ministério da Saúde do Brasil, do Centers for Disease Control and Prevention (CDC, Estados Unidos) e outras organizações nacionais e internacionais têm sugerido a aplicação de planos de contingência de influenza e suas ferramentas, devido às semelhanças clínicas e epidemiológicas entre esses vírus respiratórios. Esses planos de contingência preveem ações diferentes de acordo com a gravidade das pandemias.
O Plano de Influenza Pandêmica (Pandemic Influenza Plan - PIP), elaborado pelo Departamento de Saúde e Serviços Humanos (Department of Health and Human Services dos Estados Unidos, em sua quarta atualização, publicada no ano de 2017, incluiu medidas para diferentes áreas do governo e da sociedade civil. Além disso, para que a resposta seja proporcional à gravidade da situação, usa o Quadro de Avaliação da Gravidade Pandêmica (Pandemic Severity Assessment Framework - PSAF) como ferramenta de avaliação de risco.

    O PSAF propõe duas dimensões para análise.4 Para a dimensão de transmissibilidade, a pontuação varia de 1 a 5, e os indicadores são: taxa de ataque de sintomático em diferentes cenários; R0 (número reprodutivo básico); e o pico de percentual de consultas de síndrome gripal em prontos socorros. Por sua vez, para a dimensão da gravidade clínica, o escore varia de 1 a 7, e as variáveis utilizadas são: taxa de letalidade; proporção de casos hospitalizados entre os atendidos (proporção de hospitalização); e taxa de mortalidade hospitalar, considerando-se apenas casos de influenza, no situação atual da Covid-19. Esse quadro, portanto, utiliza dados que podem ser obtidos no início da ocorrência da transmissão do SARS-Cov-2, diferentemente da aplicação em epidemias de influenza, em que se usam a taxa de ataque e a letalidade, que são indicadores de base populacional e, portanto, difíceis de serem obtidos em bases confiáveis no início de qualquer epidemia.

    Por meio do PSAF, as análises podem ser feitas com os dados disponíveis a qualquer momento e podem ser cada vez mais qualificadas durante a evolução da pandemia. Como estamos no início da epidemia de Covid-19, ainda não há clareza sobre vários aspectos clínicos e epidemiológicos dessa doença; no entanto, um grande número de artigos revistos por pares foi publicado recentemente em periódicos especializados. Dessa forma, para a presente análise, utilizamos dados de recente publicação sobre 44.415 casos de Covid-19 ocorridos na China, a partir de 11 de janeiro de 2020.
Como muitos casos gravemente enfermos ainda estavam hospitalizados no momento em que os artigos foram elaborados, usamos, no cálculo da proporção de hospitalização, apenas os casos que já haviam tido um desfecho da doença (recuperados, alta hospitalar e óbitos). Para qualificar os resultados, cada um dos períodos da epidemia na China foi analisado separadamente. É sabido que a letalidade pode ser afetada por fatores como conhecimento sobre a doença, capacidade diagnóstica instalada e superlotação hospitalar. Além disso, os casos mais recentes podem ainda estar hospitalizados e não ser possível conhecer o resultado.
    
    A aplicação de indicadores do PSAF (Tabela 1 e Figura 1) mostra uma doença altamente transmissível, e os indicadores de gravidade clínica também sugerem alta gravidade. Embora contenha pequenas discrepâncias na dimensão da gravidade clínica, que são esperadas em estudos observacionais não randomizados, a epidemia da Covid-19, analisada conforme o PSAF com dados chineses, pode ser comparada às epidemias severas da história, como a epidemia de influenza de 1918.

Tabela 1 - Apresentação dos indicadores de transmissibilidade e gravidade pandêmica de Covid-19,utilizando-se o Quadro de Avaliação da Gravidade Pandêmica (Pandemic Severity Assessment Framework - PSAF) e dados de casos chineses, até 11 de fevereiro de 2020 
TransmissibilidadePopulaçãoResultados% (IC95%)Escore*
China22,05
China2,2 (IC95% 1,4; 3.9)5
China2,0; 2,55
Gravidade clínicaPopulaçãoPeríodomortes/casos confirmadosResultados% (IC95%)Escore*
LetalidadeAté 11/fev/2020
China (população geral)Antes de 31/dez./201915/10414,4 (7,7; 21,2)7
1-10/jan/2020102/65315,6 (12,8; 18,4)7
11-20/jan/2020310/5.4175,7 (5,1; 6,3)7
21-31/jan/2020494/26.4681,9 (1,7; 2,0)7
1/fev/2020102/12.0300,8 (0,7; 1,0)6
China (trabalhadores da saúde)Antes de 31/dez/2019-/---
1-10/jan/20201/205,0 (0,0; 14,6)7
11-20/jan/20201/3100,3 (0,0; 1,0)5
Gravidade clínicaPopulaçãoPeríodomortes/casos confirmadosResultados % (IC95%)Escore*
21-31/jan/20202/1.0360,2 (0,0; 0,5)4
1/fev/20201/3220,3 (0,0; 0,9)5
Em 3/mar/2020
Wuhan¹Período todo2.803/67.1034,2 (4,0; 4,3)7
Restante da China¹Período todo112/13.0710,9 (0,7; 1,0)6
Estados Unidos²Período todo6/6010,0 (2,4; 17,6)7
Itália¹Período todo52/2.0362,6 (1,9; 3,2)7
Coreia do Sul¹Período todo28/4.8120,6 (0,4; 0,8)6
Japão¹Período todo6/2682,2 (0,5; 4,0)7
Irã¹Período todo66/1.5014,4 (3,4; 5,4)7
PopulaçãoPeríodoCasos graves+críticos/total de casosResultados% (IC95%)Escore
Proporção dehospitalização (por Covid-19)China (trabalhadores de saúde)Período todo até 11/fev/2020247/1.68814,6 (12,9; 16,3)7
China (população geral)Período todo até 11/fev/20208.255/44.41518,6 (18,2; 18,9)7
PopulaçãoPeríodomortes/ (curas+altas+mortes)Resultados (%) (IC95%)Escore
Taxa de mortalidade hospitalar (por Covid-19)Hospital Jinyintan (Wuhan1-20/jan/202011/4226,2 (12,9; 39,5)7
Zhongnan Hospital da Universidadede Wuhan1-28 /jan/20206/5311,3 (2,8; 19,9)4
China11/dez/2019 a 29/jan/202015/7919.0 (10.3; 27.6)7
* Escore de gravidade (1 a 7) a partir dos indicadores do Quadro de Avaliação da Gravidade Pandêmica (Pandemic Severity Assessment Framework).

Fonte : Adaptado de: Reed C, Biggerstaff M, Finelli, Koonin LM, et al, Novel framework for assessingn epidemiologic effect of influenza epidemics pandemic. Emerg infect Dis 2013;19(1):85-91

Figura 1 - Aplicação dos resultados das escalas de transmissibilidade e gravidade clínica da Covid-19 no gráfico de avaliação dos efeitos de pandemia de influenza, com exemplos, em escala, de pandemias e temporadas de influenza sazonal 
    
    Com base nessa avaliação inicial (Figura 1), a Covid-19 se apresenta como uma doença de grande transmissibilidade e gravidade clínica, conforme revelado pela letalidade observada em outros países onde a epidemia está em estágio inicial.
Destacam-se ainda os indicadores encontrados para os profissionais de saúde. Entre os profissionais chineses, a letalidade foi menor do que entre a população geral daquele país (Tabela 

1). Entretanto, em relação à incidência, o Grupo Itália para Medicina de Evidência (Italy Group for Evidence Medicine) reportou que 8,3% do total de casos da Covid-19 registrados na Itália ocorreram em profissionais de saúde, o dobro do reportado na China (3,8%). A falta de equipamentos de proteção individual (EPIs) e coletiva nos serviços de saúde, além do grande volume de casos, contribuíram para este quadro. No Brasil, a orientação para os indivíduos sintomáticos (com coriza, febre e tosse) procurarem as unidades da atenção primária em saúde poderá desencadear altas taxas de incidência em profissionais dessa rede, frente à carência de estrutura e de EPIs, já constatada pelos órgãos públicos. Para superação desse desafio, vários países têm proposto a criação de unidades específicas para avaliação clínica de pessoas de média gravidade, possibilitando a concentração de investimentos em equipamentos e a liberação dos fluxos nas unidades de maior complexidade, necessária para os casos mais graves.

    Apesar da relevância dos achados, é preciso considerar a heterogeneidade dos indicadores entre diferentes regiões com transmissão, uma vez que esses variam de acordo com ações, rotinas, disponibilidade de suprimentos, estrutura de serviços de saúde e de vigilância, questões culturais e políticas. O PSAF é uma ferramenta que foi desenvolvida com base nos dados dos Estados Unidos para a avaliação inicial da gripe pandêmica e, no próprio documento, é feita a ressalva de que reavaliações sucessivas são importantes, pois as informações são dinâmicas. O SARS-CoV-2 é um vírus respiratório diferente do vírus da influenza, cujo comportamento ainda não foi totalmente esclarecido; além disso, a aplicação desses indicadores no contexto social, político e epidemiológico de outros países pode levar a resultados diferentes do esperado.

    Essa análise da epidemia de Covid-19 deve ser modificada quando novas informações forem sendo adicionadas. Contudo, ressalta-se a necessidade de que a comunidade científica e as equipes nacionais e internacionais de vigilância epidemiológica tenham muita cautela ao monitorar as tendências da epidemia, analisando criticamente os instrumentos disponíveis para entender a situação.

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Ebola: pequeno grande ameaçador


Artigo por Fernanda Florencia Fregnan Zambom


 
 
A cada dia que passa o número de infectados com Ebola aumenta de forma logística e se contraído, é uma das doenças mais mortais que existem, se igualando a AIDS. Segundo Avaaz, os casos na África Ocidental estão dobrando a cada duas ou três semanas e a última pesquisa estimou que 1,4 milhão de pessoas podem estar infectadas até meados de janeiro do ano que vem. Neste ritmo, esse monstro ameaçará o mundo inteiro em breve. Como o Ebola atingiu países cujo sistema médico é defasado e não possui número suficiente de médicos para tratar de todos os infectados. O vírus Ebola é altamente contagioso e seu quadro patológico evolui de maneira rápida que dificulta possíveis tratamentos quando a doença não é descoberta a tempo.


O vírus começou a circular em 1976, no Sudão e na República Democrática do Congo, numa região próxima ao Rio Ebola. Quirópteros (morcegos) frugívoros são considerados hospedeiros naturais do vírus Ebola, assim como os morcegos hematófagos são hospedeiros naturais do vírus da raiva. Normalmente, esses animais não apresentam muitos sintomas, pois a coevolução desses organismos tornou-os mais resistentes, diminuindo a virulência do Ebola. O que não acontece com a espécie humana, em que a letalidade chega a 100%, dependendo da cepa viral.


O vírus ebola pertence ao gênero Filovirus, altamente infeccioso, transmitido pelo contado direto de pessoas ou animais com secreções, sangue ou fluidos corporais (fezes, urina, suor, saliva, lágrimas e sêmen) de indivíduos infectados. O vírus Ebola pertence à mesma ordem (Mononegavirales) de outros vírus causadores de doenças como cachumba, sarampo, parainfluenza e raiva.


Os sintomas não são específicos e típicos de febre hemorrágica. O vírus penetra na célula e insere seu material genético (RNA) na célula infectada (apresenta tropismo pelas células hepáticas e do sistema retículo-endotelial) , iniciando a produção de proteínas e partículas virais. Uma dessas proteínas age sobre as células endoteliais vasculares e provoca a ruptura dos vasos sanguíneos, levando à hemorragias internas e externas, além de impedir a coagulação sanguínea, por disfunções plaquetárias e plaquetopenia, perpetuando o extravasamento de sangue. A perda se sangue leva a diversas complicações, como fraqueza, insuficiências respiratória, cardíaca e renal. Além disso, a perda de sangue dificulta a chegada de oxigênio e nutrientes às células, que entram em processo de necrose.


A falta de nutrientes para células, como glicose, leva a falência de diversos processos metabólicos que requerem energia proveniente do processo aeróbico da via glicolítica. Neurônios, por exemplo, usam apenas glicose para produzir energia, e morrem entre 3-5 minutos na ausência dessa molécula. Esses são apenas alguns dos processos que envolvem a infecção por Ebola, já que o quadro torna-se generalizado entre 2 a 21 dias após contato. Os sintomas mais frequentes e inespecíficos (pois são semelhantes à de outras doenças como Cólera, Hepatite, Malária Meningite e Febre tifoide) são: febre, dor de cabeça, garganta inflamada, dores musculares. Com a progressão da doença começam a aparecer vômitos, diarreia, inchaço, vermelhidão nos olhos e erupções ou hemorragias internas e externas.


O diagnóstico laboratorial do Ebola pode ser feito através de testes sorológicos de ELISA, PCR, hibridação in situ e isolamento viral por imunohistoquimica, imunofluorescência indireta (falsos positivos) e radioimunoensaio (RIA).


Não há tratamento específico para o Ebola. Os recursos terapêuticos contra a doença são tratar o paciente com oxigenoterapia, transfusão de sangue, medicamentos para choque e dores. Além disso, é essencial evitar que novas transmissões adotando medidas sanitárias e profiláticas adequadas, impedindo que o vírus continue ultrapassando barreiras continentais e continue matando milhões de pessoas pelo mundo.



Fonte: PORTAL EDUCAÇÃO -  http://www.portaleducacao.com.br

sexta-feira, 3 de outubro de 2014


Estratégias para o controle de grandes populações de Tilápias

Artigo por Grasiela Inês Jung - quarta-feira, 27 de agosto de 2014
 
 

 


       A agricultura Familiar busca muitas alternativas econômicas para auto reproduzir economicamente, dentre as estratégias estão à diversificação de suas atividades agrícolas, que visam uma complementação de renda. A piscicultura apresenta várias vantagens para os agricultores familiares através da comercialização da produção em Feiras, além de ofertar de uma proteína mais saudável para o seu auto consumo.


         Entretanto os limitantes para essa atividade é mão de obra que impossibilita o manejo de grandes populações de peixes nos açudes que tem uma alta capacidade de reproduzir impossibilitando a atividade. O objetivo deste trabalho é buscar estratégias de controle para Tilápias em pequenos açudes baseada em uma revisão na literatura, visando oferecer uma maior facilidade de manejo para as famílias de agricultores que não tem em suas propriedades uma disponibilidade de mão de obra para uma grande produção desta espécie.
         Nas diversas áreas de atuações e serviços encontram-se dificuldades relacionadas à mão de obra, praticidade, desempenho, lucros e produções. Com base nisto, observa-se que em cada setor ou empreendimento faz-se necessário um manejo relacionado com o fato gerando uma maneira mais viável de realizar o trabalho, de forma que se consiga obter um melhor uso do tempo, espaço e recursos. Na Agricultura Familiar onde há uma intensidade em suas diversidades atividades relacionada à produção agrícola, o ganho de tempo pode justificar maiores ganhos financeiro, uma vez que o agricultor poderá ter uma maior dedicação às principais culturas que garantem maior remuneração e tendo uma menor dedicação em termos de tempo para as que complementam a sua renda, neste artigo busca-se apresentar as melhores alternativas técnicas que possibilitam aos agricultores familiares produzir a espécie de peixes denominada Tilápias, baseadas em uma revisão de bibliografia referente a este tema
Fonte: PORTAL EDUCAÇÃO - http://www.portaleducacao.com.br

quinta-feira, 31 de julho de 2014


OS IMPACTOS ANTRÓPICOS SOBRE O PLANETA


Artigo por Beatriz Teixeira de Melo Tamaki

Na Tailândia, os elefantes quase não possuem mais seu habitat. A população tem avançado sobre o seu território, não sobrando espaço para o paquiderme.

Muitos elefantes, foram domesticados para ajudar a população no serviço pesado nas grandes cidades. Ironicamente, ajudam a destruir seu habitat natural.

No Brasil, a ararinha azul, uma das muitas espécies em extinção, personagem representando o Brasil no cinema, foi considerada em extinção, existindo infelizmente só em cativeiros.

Serão necessários, investimentos, e tempo para tentar obter resultados na inversão da situação ocorrida, sem a certeza de sucesso. Como conciliar desenvolvimento e harmonia com o meio ambiente?

Estamos destruindo nossos biomas, nossas matas e rios, e não conseguimos perceber as consequências das nossas ações.

Não podemos deixar que situações como essa, continuem acontecendo em todo o planeta.

Precisamos do desenvolvimento, mas não sobreviveremos sem a natureza.

Precisamos rever nossos paradigmas, para não colocar em risco a nossa sobrevivência no planeta.


Fonte: PORTAL EDUCAÇÃO - http://www.portaleducacao.com.br